quarta-feira, 28 de abril de 2010

O caminho de volta é mesmo da Ida... mas ele já não é o mesmo.

Nos primeiros dias de 2009 a minha alma gritou dentro de mim: Por que, Deus? Por quê? Foi um som retumbante, eu senti uma "bola de som" ecoar pelas paredes do meu próprio corpo, como aquele antigo e famoso jogo "Pinball", só que em câmera lenta... E é uma sensação que eu só consigo descrever agora, muito tempo depois, porque no exato momento eram tantos os sentimentos e as sensações, que tudo se misturava como uma densa fumaça, à medida em que eu me diluía na cruel e agitada maré das minhas lágrimas.

Mas foi um grito tão sinceramente desesperado, que apesar de toda a minha consciente desobediência, mesmo nós - eu e Deus - já conhecendo a resposta daquela minha pergunta, Ele (Deus) não se esquivou de me explicar todos os porquês e quandos e ondes e quems das minhas dores. E podem acreditar, fortes dores... o nosso Deus é muito justo, e não nos tira a responsabilidade pelas nossas escolhas; ainda bem que é também um Deus de Amor, e que ainda que não nos poupe de colher o que plantamos, paremos para refletir, não nos deixa colher os frutos mais amargos do nosso pecado. Antes, sendo o salário do pecado a morte, esse fruto envenenado Ele já saboreou e sofreu em nosso lugar. Tudo o mais, ainda que, de fato, seja tão doloroso, reconheçamos que não é o que verdadeiramente merecemos.

A dispeito disso, Deus nos dá uma nova chance. Comigo não foi diferente, ainda bem! Mesmo tendo passado tanto tempo(afinal já se faziam 7 anos, Ele falou e eu O ouvi. Respondeu-me a minha pergunta, e admito nunca antes ter reconhecido com tanta certeza a voz do meu Pai, porque pela primeira vez na minha vida a Sua Palavra rasgou o meu coração e conseguiu tocar o mais profundo e inatingível do meu ser... me senti transpassada, literalmente.

Desde então, ao trocar os porquês pelo porque..., e digerido parte da minha história (a compreendida naqueles 7 anos)- porque eu só estava engolindo, e quando a gente engole sem mastigar, sem saborear e perceber o que se está comendo, chega um momento que a gente não aguenta mais, dói o estômago e a única solução é vomitar! Deus me fez conhecer a mim mesma, Deus me mostrou quem eu realmente era e o que eu havia me tornado por aceitar tudo e qualquer coisa que falavam para e de mim: comida estragada que nos oferecem todos os dias! Eu adoeci, mas Ele me ofereceu a cura, através do que realmente alimenta: o Pão da Vida, Jesus!

Nesse blog eu conto a minha trajetória de volta: as impressões pelo caminho, a insegurança de outra vez me perder em atalhos enganosos, a angústia das expectativas, a aflição pelos reencontros, o trabalho árduo de desenterrar talentos, mas a felicidade de saber que eles não perderam o valor, e ainda é possível fazer algo com eles! O medo da rejeição pelos de casa, e a grata supresa de ser tão bem recebida, como se todos, na verdade, tivessem dormido, parado no tempo, desde quando eu me fui...(até eu olhar bem atentamente e perceber que ninguém dormiu, e o tempo realmente passou, para mim e para todos!)
O tempo é a testemunha fiel das escolhas que fazemos, porque ele, o Tempo, a gente nunca consegue resgatar...